Inovação e tendências
Entrevista: Roberto Carneiro de Oliveira
Coordenador médico da Telemedicina do Hospital Alemão Oswaldo Cruz em São Paulo
25 de junho de 2014
Entrevistado por Marina
Pedi para descrever o que o Hospital está fazendo atualmente na área de Telemedicina, o que ele enxerga que há de novo, emergente, nessa área acontecendo … o que ele vislumbra que tende a acontecer nos próximos três anos… Considerando o negócio da Telefonica, o que poderia ser uma possibilidade de atuação da Fundação Telefonica, nessa área? Em que a Fundação Telefonica poderia ajudar?
Veremos muitas transformações na nossa sociedade nos próximos anos. Hoje falamos de telemedicina, telediagnóstico, teletratamento, teleintensivimo, onde você tem um hospital remoto, que tem um médico que não é intensivista, em contato digital com um especialista intensivista que está num hospital mais central e monitora à distância os pacientes e orienta os tratamentos.
Aqui no hospital estamos trabalhando com 4 hospitais [dando treinamento e atendimento remoto], no próximo triênio a meta é atendermos mais 16 hospitais pelo Brasil.
Hoje o hospital está conectado com cabeamento de fibra óptica ponto a ponto com esses hospitais em Goiânia, Bahia, Guarulhos, pela GVT, o que nos dá uma excelente qualidade, velocidade, qualidade de informação e segurança no atendimento.
Atualmente existe uma excelente visibilidade da telemedicina como um todo, se faz cirurgia remota, telerradiologia, teleeletroencelo e teleeletrocardiografia...
Como é isso? Um exemplo: um médico brasileiro foi para os EUA, trabalhava numa área central do país, com carência de acesso a diagnósticos. Elaborou um caminhão container com uma tomografia e uma ressonância. Com ele, cobre o atendimento diagnóstico de 10 cidades a um raio de 300 km. Esses exames vão por cabeamento onde um médico especialista examina e fornece os laudos. No mesmo dia voltam os exames por email para o médico e para a casa do paciente. Isso já tem uns 10 anos... não sei o nome do médico...
Imagine o que isso pode crescer num país como o nosso, com uma péssima distribuição de especialistas, um IDH desigual mesmo em regiões muito próximas. Isso tem um custo muito baixo, sem que o especialista tenha que se deslocar pois ele prefere morar em centros urbanos com mais infraestrutura, com mais retaguarda, melhores condições para a família...
De São Paulo, atendo paciente em Santo Antonio de Jesus, no interior da Bahia, como se estivesse diante dele.
Atualmente vários hospitais prestam esse tipo de serviço: o Oswaldo Cruz, o Einstein, o Samaritano, o Sírio Libanês (este faz só ensino) e o HCor. São considerados os hospitais de excelência em São Paulo. O HCor faz atendimento de teleeletrocardiografia para as ambulâncias do SAMU no Brasil, atende mais de 300 ambulâncias do SAMU, através de parcerias público-privadas. O laudo do exame às vezes chega no email do médico antes do paciente chegar ao hospital.
Sendo a Telefonica uma empresa de telecomunicação, ela poderia oferecer um serviço de telecomunicação para benefício dessa população [do semi-árido, por exemplo, contei que a Fundação atuava lá.
Imagine um posto de saúde no semi-árido: o médico tem pouca instrução para atender casos de maior complexidade. Chega a este médico um paciente com suspeita de tumor no cérebro. Coloca este médico num Skype conectado com um hospital de um grande centro, por exemplo, Goiânia tem uma alta concentração de neurologistas. Um neurocirurgião pode dar atendimento, orientação, supervisão, orientar quais os centros adequados...
É possível levar especialistas de toda e qualquer área para todo o interior do Brasil.
A Educação à Distância também tende a crescer. Existe um livreto do Ministério da Saúde, Manual de Telessaúde da UFRGS, que dá mapas da situação da saúde e da oferta de cursos de EAD no Brasil. Existe uma infinidade de oportunidades de cursos à distância hoje em dia, gratuitos, aqui e fora do país.
A USP desenvolveu o portal Nuvem do Conhecimento em Saúde [um portal para informação, educação e aprimoramento, uma combinação multimídia que, aliada à Teleducação Interativa, disponibiliza cursos para profissionais, estudantes e cidadãos. Mais de 30 mil pessoas já fizeram cursos.