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Entrevista Melina Risso (Sou da Paz)

 

18 de junho de 2014

 

Entrevistada por Elaine

 

Idéias compartilhadas:

Direitos humanos e segurança pública:

  • smart policing (Igarapé). Acredito que policiais patrulhando favelas com câmeras pode ser um caminho interessante para impedir violações de conduta.

  • Ronda do Quarteirão (Ceará), que também utilizava GPS na viaturas policiais. Obviamente, a iniciativa era muito interessante para além das câmeras utilizadas, era o tipo de policiamento empregado no programa.

 

Jornalismo: acredita em algumas iniciativas inovadoras (também em especial em direitos humanos) e na forma que o jornalismo tem evoluído no país:

  • A Pública. Acho um tipo de jornalismo novo para o Brasil.

  • Ponte.org, site independente de jornalistas que querem cobrir agendas de Direitos Humanos.

 

Tecnologia: Pensando no uso de tecnologias que podem de alguma maneira “revolucionar” formas de fazer, infelizmente o campo da segurança pública no Brasil deixa muito a desejar. Talvez tentar conhecer a Cidade da Polícia no Rio de Janeiro pode ser interessante.

Gestão pública: de forma ampla, acho o centro de operações do Rio de Janeiro uma iniciativa absolutamente incrível para administração de grandes cidades. <uso do monitoramento e tecnologia>

 

Escolas e Educação: Não tenho acompanhado a implantação do Khan Academy nas escolas públicas mas também acredito que pode fazer coisas muito impressionantes na educação.

 

Novos idéias: Onde acho que existem muitas inovações no Brasil é na área da Fazenda. e-NF, declaração de IR online, devolução de imposto com a NF Paulista, enfim, acho que esta é uma área onde de fato o governo tem sido criativo. Ou seja, monitoramento do public do lado fiscal.

 

Burocracia: Talvez não tão novo, o Poupa Tempo em SP em si é uma grande inovação pensando na quantidade de burocracia que existe no país. Lembrei, o Detran-SP está informatizando todo o acesso aos serviços.

 

Minha sugestão é que vocês olhem o site do Prêmio Mario Covas. Ele premia ações inovadoras na gestão pública e está na 10ª edição. Informações no site do prêmio: http://www.premiomariocovas.sp.gov.br/2013/index.asp

 

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Incluído após a primeira conversa

1) o que há de novo, emergente, inovador, no Brasil e pelo mundo nos temas: inovação e tecnologia, direitos humanos, atitudes empreendedoras, inovação na gestão pública, etc. Onde vc acha que tem aparecido como novidade (temáticas mesmo).

Não sei se compreendi bem a sua pergunta mas faço algumas considerações.

Acho que a tecnologia tem possibilitado saltos de inovação incríveis. E aqui abordo a tecnologia sobre dois aspectos: o primeiro é o acesso à internet e o segundo a mobilidade que os smartphones tem possibilitado. Minha sensação é que o céu é o limite!

A quantidade de aplicativos novos para todo tipo de demanda que surgem cotidianamente, bem como a mudança na forma de relacionamento que estes dois elementos permitem (conectividade e mobilidade) ainda nos levarão a caminhos que nem consigo imaginar. Acho, no entanto, que alguns setores estão um pouco “atrasados” nesta onda. Acho que o movimento de direitos humanos em geral atua sob paradigmas anteriores, baseado em instituições prioritariamente. E mais recentemente tenho visto um pouco mais de fluidez nestas relações que ainda não encontrei referências teóricas que nos possibilitem analisar o que está acontecendo atualmente. Um pouco de explicação para me fazer entender: a base dos direitos humanos são as leis e a violação dos direitos por parte dos Estados. Isso significa que o arcabouço legal é fundamental para a atuação. Como acho que tudo tem mudado rapidamente, não tenho visto o movimento conseguir se atualizar na mesma velocidade ou mesmo se utilizar de novos insumos disponíveis.

Sobre a gestão pública, acho que no Brasil estamos mais atrasados do que em outros locais. Nas áreas em que atuo a utilização de tecnologia chega a ser quase uma piada, infelizmente...

Meus questionamentos e inquietações vão no sentido de como pensar modelos econômicos a partir desta nova realidade. Não é minha área de especialidade mas vejo uma série de inovações sendo desenvolvidas do ponto de vista tecnológico mas nem sempre inovações ou revoluções em modelos de negócios propostos.

 

2) o que vc enxerga que há de novo, emergente,  na sua area de direitos humanos (ou outra)

Na área de DH como te falei, acho que há pouca inovação em geral. Vejo as organizações “apegadas” aos mesmos modelos e muitas vezes resistentes à tentativa de mudança, ampliação de escopo de atuação e mesmo estratégias de atuação (para além relatórios para denúncia, litigância, etc). Mas acho que há um espaço gigantesco. Do meu ponto de vista, talvez a principal questão é aproximação desta pauta da vida das pessoas, seja pela comunicação, pela aplicabilidade, pela compreensão do que isso significa como um valor. Direitos Humanos hoje é uma agenda negativa usada inclusive pejorativamente como “Direito dos Manos”, etc.

 

3) o que vc vislumbra que tende a acontecer nos próximos três anos…

Apesar de parecer muito tempo, acho é curtíssimo prazo para as mudanças que queremos, né?

O acesso à informação tende a se democratizar ainda mais. E quanto mais ele se democratiza mas enxergo a possibilidade de “redução de gaps” e desigualdades. Talvez muito utópico mas acredito que a conectividade elimina intermediários. Claro que isso traz novos desafios que ainda estamos entendendo como lidar com eles mas vejo isso como um ponto absolutamente positivo. As necessidades passarão a ser a triagem da informação de qualidade mas nesta nova realidade não existem mais fronteiras. Pensando nisso, os idiomas passam a ter um papel fundamental para nova geração.

E aqui, talvez não nos próximos três anos mas desafios para os próximos: como trabalhar, se relacionar, conviver nesta nova realidade de rede, onde tudo é mais horizontal? A convivência com a diversidade é outra habilidade essencial para a nova época. Continuo intrigada como pensar modelos econômicos viáveis nesta nova sociedade. Não sei nem por onde começar J

Vale ressaltar que vejo em toda esta mudança resistências preocupantes. Do ponto de vista social, vejo uma onda conservadora em vários locais do mundo e em diversos aspectos – políticos (o crescimento da direita conservadora da Europa me assusta), religiosos (alguns dogmatismos para mim sem sentido), etc.

 

4) Considerando o negócio da Telefonica, o que poderia ser uma possibilidade de atuação da Fundação Telefonica, nessa área? Em que a Fundação Telefonica poderia ajudar?

O negócio da Telefônica está no centro de tudo isso que descrevi agora – conectividade, velocidade, acesso, etc.

A Fundação pode tanto atuar na perspectiva do acesso desta realidade a todas as pessoas – e aqui acredito que não podemos deixar que se crie especialmente no Brasil uma desigualdade de acesso e conhecimento tão grande. Acho as consequências mais devastadoras do que a desigualdade econômica...

Pensando no espaço de inovação existente no campo dos direitos humanos e tão pouco investimento social privado neste campo, a própria definição deste tema para atuar se torna inovador. 

 

Postado por Elaine

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