Inovação e tendências
Entrevista: Antonio Luiz de Paula e Silva
Tendências de Governança
Entrevistado por Marina
16/06/2014
Uma tendência são organizações que são grandes mobilizadores, como a AVAAZ.org, que colocam a capacidade de mobilização a serviço das comunidades. Estas organizações educam a sociedade a criar petições, e têm mailings de 30 milhões de pessoas. São muito bons, procuram ser exemplares e depois da petição, contam o desfecho, com transparência pedagógica. Eles prosseguem o processo, e apoiam a comunidade proponente da petição. É um caso de governança muito lindo, um exemplo de como exercer influência.
Outra situação me foi contada por uma pessoa que conheci numa viagem: Em 2012, a revista Epoca fez uma pesquisa de quantos e quais os municípios do Brasil tem todas as escolas com uma media alta no IDEB. A revista encontrou cinco municípios onde todas as escolas tem média acima. Como um índice pode ser útil para identificar trabalhos excepcionais. A descoberta é que um dos municípios é Lençois Paulista, vizinha daqui de Bauru. Eles investigaram o que aconteceu: o município passou por uma sequencia de gestões de um prefeito e uma secretaria de educação que, após 2 gestões como secretária, virou prefeita por mais duas 2 gestões – isso deu continuidade e acúmulo à proposta de educação do município.
Conversando com Edu Rombauer, ficou clara a ideia: com as tecnologias todas, é possível fazer um governo eletrônico, o que permite escutar a população toda num curto espaço de tempo – todo mundo tem um celular na mão – isso tem um potencial de governança enorme!
Outro exemplo de governança na área cultural: o programa Superstar da Rede Globo: o superstar é um concurso aberto de bandas, - inscreveram-se bandas de todos os níveis do Brasil todo. E criou um aplicativo para tablete, celular, computador, de modo que quem julga as bandas é o povo. A banda se apresenta, vem o aplicativo: gostou? Sim ou não – vai aparecendo na tela as respostas do povo. Os jurados (3) têm 21% de poder de voto. Fazendo isso, a Globo consegue ouvir as pessoas, sacar as preferencias, dar retorno às bandas e medir a audiência. É um jeito de participar e é incrivelmente cultural, é chocante como destoam as bandas. É uma delícia você ir torcendo nas bandas. Eu acompanho uma banda, uso o tablete e o celular.
Outro movimento que está explodindo são os MOOCS massive open online courses, que está ajudando as universidades a se repensarem. Você faz cursos no seu celular, no tablete, se está duas horas no ônibus, você faz o curso – não tem mais essa de não poder estudar. Uma das implicações é que estudar é para o resto da vida. É muita coisa sendo desenvolvida em altíssima velocidade com muita gente brilhante. Essas plataformas dão vazão a isso, disponibilizando o seu conteúdo para o mundo todo. A educação está sendo impactada com isso. Fui no SENAR: essas instituições ainda são lentas, têm que criar massa crítica, ainda estão num jeito muito velho de governo, muito hierárquico e muito politizado.
O bacana é que tanto faz a plataforma. A plataforma não faz a menor diferença, nem o sistema operacional. É mais um princípio e como isso pode ajudar na governança.
Outro potencial a ser explorado: no Brasil temos grandes ideais à nossa disposição. O SUS é um deles. Temos uma população que esqueceu isso. Nunca foi divulgado esse ideal para o país. É fundamental lembrar os ideais do SUS à população: nós estamos lutando pelo quê?