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Entrevista Gregor Hackmack (Fundador do Parliament Watch e responsável pelo Change.org na Alemanha)

 

24 de julho de 2014

 

Entrevistado por Elaine 

 

 

Assunto: Diretos humanos na era digital

Perguntas eleboradas pelo João:

- como a permanência de dados na rede e a possibilidade de ter seu passado conhecido afeta a vida das pessoas?

- até que ponto as pessoas são julgadas e condenadas por ações passadas, e disponíveis por um clique? Como fazer para "limpar" o nome?

- com a internet, o direito ao esquecimento e/ou à privacidade ganha importância? qual o rumo que esta discussão está tomando?

- como preservar esses direitos?

 

 

Gregor:

O povo alemão é conhecido por sua preocupação com o direito a privacidade. Lembre-se da época nazista onde grupos inteiros de pessoas foram segregadas por filtros de inteligência do governo. Durante a Guerra Fria, o mesmo aconteceu com outros cidadãos comuns. Serviços secretos tinham milhares de arquivos sobre pessoas. Quando o muro caiu em 1989, 18milhões de cidadãos pediram seus arquivos para o governo e foi de grande surpresa a quantidade de detalhes que estavam escritos ali.

 
O povo percebeu que precisava sair de um sistema “Estado Privado e Cidadão Público” para algo mais equilibrado com o oposto: movimento contrário, como Estado Aberto e Cidadão Privado.

No Parliament Watch trabalhamos da seguinte forma: os perfis dos políticos são restritos a sua vida pública a sua função de governo. Temos moderadores que filtram as perguntas para que sejam relacionadas à função do político. Perguntas como “Vc já fumou maconha” são mais controversas, pois podem direcionar o viés para uma questão política de legislação sobre um tema, mas de modo geral, as perguntas são em relação à função. Além disso, se algum dado pessoal já saiu na imprensa, é considerado domínio público. Cada vez mais as pessoas se abrem para falar de temas mais reservados, homosexualidade por exemplo, mas tentamos ser respeitosos do que é privado.

 

Temos uma rotina de arquivamento de dados. Quando um politico sai da função pública por dois mandatos, seus dados são armazenados no Parliament Watch e não mais disponibilizados ao público. Seus dados só voltam para visualização pública se ele voltar à um cargo público. Assim, ele pode ser esquecido como politico e ter uma vida “civil”. Ele tem dreito ao esquecimento.

 

Ai chegamos em pontos como “Qual o direito do cidadão comum de ser esquecido por empresas como Google ou Facebook”?

 

Penso que não são apenas duas forças como Governo e cidadão como era antes, onde o governo era uma caixa preta e o regime era praticamente autocrático; para incluir também reguladores e empresas como estas.

 

Hoje o cidadão tem a conveniência de ser oferecido serviços e produtos como faz a Amazon. Mas parece agora que Google e Facebook vão também oferecer serviços financeiros como seguros. Em breve as pessoas vão perceber o custo de ter seu comportamento fiscalizado e monitorado. Vão deixar de ser voluntariamente comprometidos.

E os governos em breve vão perceber que há uma concorrência pelo poder e vão se posicionar contra essas empresas também, eu acho.

 

Temos que nos lembrar da era da industrialização: as pessoas achavam incrível que não precisavam manufaturar nada. A indústria faria tudo. Mas daí vieram os movimentos em prol da defesa do meio ambiente, degradada pela indústria. Os reguladores precisaram intervir.

Enquanto não há uma experiência negativa que faça os reguladores serem forçados a intervir, eles não fazem isso voluntariamente. O cidadão comum precisa exigir isso.

 

Todos os movimentos socials nascem nos EUA. A favor das mulheres, homosexuais, segregação de cor, meio ambiente. O povo Americano é mais reinvidicador de seus direitos, devido à sua cultra, pela sua natureza. E o resto do mundo se beneficia dessa regulamentação.

As empresas não vão criar esse diálogo inicialmente. Vão reagir passivamente.

 

Referência: Electronic Frontier Foundation, em San Francisco (https://www.eff.org)

 

 

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